6 de jan. de 2012

O Fim de Uma Era: Encarando o Inevitável

Chegou o dia que nós Palmeirenses e todos aqueles que realmente amam o futebol não queriam que chegasse nunca. Foi ontem. Os mais céticos podem argumentar que o temido dia chegou e passou e, na verdade, nada mudou nas nossas vidas. Sobrevivemos ao anúncio da aposentadoria do Santo e dificilmente sentiremos algum efeito, principalmente imediato, nas questões práticas do cotidiano de cada um. Mas céticos não deveriam sequer falar sobre futebol. Futebol é pra quem sente. E eu sinto a dor no meu peito ao pensar que nem adianta ficar mais esperando ver aquele cara desengonçado de 1,93m subindo o túnel rodeado de muito mais crianças que suas duas mãos santas dão conta de acompanhar. Todos sabíamos que esse dia estava prestes a chegar. Mas a certeza do inevitável não aplaca a tristeza, ainda mais quando lembramos que a razão da parada não é falta de vontade de jogar, não é falta de amor ao clube, não é falta de amor ao futebol. É a mais pura impossibilidade física de fazer o que ele ama sem sofrer. A alma quer, mas o corpo não deixa. Talvez o pior pesadelo daqueles que dedicam uma vida inteira ao esporte.

Grande parte dos melhores momentos da minha vida, ele não só participou como foi peça fundamental. A maneira que vejo o mundo, como sou, Marcos tem sua colaboração.
É lugar comum falar que jogadores como ele são raros. Mas eu vou além: pessoas como ele são raras. Ele foi provavelmente o único jogador nas últimas décadas a conseguir uma unanimidade nacional que extrapola as barreiras de paixão clubística. Unanimidade conseguida pelo seu futebol, seu talento e por uma capacidade de ser ele mesmo, sem fazer média, sem tentar ser politicamente correto só pra agradar, mas mostrando respeito a todos, mostrando honra em assumir seus erros, e ao mesmo tempo mostrando paixão e lealdade pelo clube que defendia.

Cada um tem o ídolo que merece. Hoje pessoas idolatram participantes de reality-show, idolatram qualquer um que inventa um refrão e uma dancinha escrota. Endeusam um muleque mimado que cobra R$200.000,00 pra participar de um jogo "beneficente" na Bahia. Eu idolatro Marcos. Um cara simples e honesto.

Ontem o Palmeiras sofreu a maior derrota do ano. Não teve vexame como todo ano está ocorrendo, não teve goleada, não teve nada disso, mas a dor é muito maior que qualquer derrota dessas. Marcos representava o Palmeiras tão bem quanto deveria, e não há dúvidas que ninguém fará isso melhor que ele. Espero que um dia alguém possa chegar aos seus pés, mas superá-lo jamais. Marcos é sinônimo de Palmeiras.

Poderia ficar falando horas e horas sobre ele, mas sempre faltarão palavras. Marcos é ídolo, é humano, é palmeirense. Ídolo não deveria envelhecer, o tempo deveria demorar mais pra essas pessoas.

Só posso deixar uma palavra.

Obrigado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pena que o momento é de profunda tristeza, mas seu post foi fantástico! Eu diria que não foi a maior derrota do ano, mas sim da história do nosso glorioso Palestra. Obrigado São Marcos!
Parabéns irmão!
Abs,
Sandro.